terça-feira, 16 de abril de 2013

A guerra aos pobres e a política de “paz” para o empresariado no Rio de Janeiro

Luís Fernandes
Historiador e integrante da 
Coordenação Nacional da UJC

“Só havia um caminho para que vencêssemos a letargia que dominava o estado. Eike Batista teve uma participação especial. A iniciativa privada deve participar do processo da construção da paz”, disse o governador. O empresário bancou a construção das duas unidades. A da Fazendinha custou R$ 1,67 milhão, e a da Nova Brasília, R$ 1,189 milhão. Eike não compareceu à cerimônia, mas mandou um diretor da EBX representá-lo. Cabral também agradeceu ao exército, citando o nome do ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim – que ocupava o cargo na época da ocupação da comunidade – e destacou a “firmeza incrível” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nas duas unidades da comunidade – que tem 40 mil moradores – vão trabalhar 660 agentes policiais.(1)

Candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff (PT), o deputado Michel Temer (PMDB) disse ontem que o país é seguro para investimentos porque vive momento de “pacificação social” e segurança jurídica. Para exemplificar a teoria, afirmou que os “mais pobres” e os movimentos sociais estão “pacificados” e que a classe média não está inquieta. Temer participou ontem de almoço patrocinado pela Câmara Portuguesa de Comércio. A entidade convidou os candidatos à Presidência, mas Dilma mandou Temer, porque tinha outra agenda. “Falo de um Brasil internamente pacificado”, afirmou ele em sua apresentação. “Se os movimentos sociais não estiverem pacificados, se os setores políticos não estiverem pacificados, se os setores financeiros não estiverem pacificados, se aqueles mais pobres não estiverem pacificados, se os da classe média estiverem inquietos, isso gera uma insegurança que é prejudicial”, declarou Temer.(2)

Rio de Janeiro-Brasil, ano de 2013, cidade e país sede de grandes eventos atrativos de inúmeros investimentos nacionais e estrangeiros. Em especial, na capital fluminense, podemos afirmar com tranquilidade que nunca se acumularam tantos capitais, em espaço e tempo, como neste período. E o protagonista deste movimento? O Estado. Segundo o dossiê da candidatura do Rio para as Olimpíadas de 2016, 94,91% dos investimentos seriam de recurso público diretamente ou através de financiamentos. Com o passar do tempo, já podemos constatar a “transferência de renda” dos investimentos públicos para os monopólios privados, via as diversas formas de políticas privatistas que assolam desde áreas estratégicas da economia fluminense e brasileira como o petróleo, até serviços sociais básicos como saúde, esporte, cultura, educação, previdência, etc.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Selvageria capitalista em tempos de colonização do outro Cabral: como recomeçar (mais uma vez)?

Rodrigo Castelo
militante da Base ANDES/ FASUBRA
do PCB-RJ
abril/ 2013

"Se, então, fomos batidos, não temos outra coisa a fazer
senão começar de novo desde o princípio"
(Friedrich Engels)

Em 1851, sob as brasas das lutas revolucionárias e contrarrevolucionárias da Primavera dos Povos que ardiam em toda a Europa, Friedrich Engels escreveu, no jornal New York Daily Tribune, algumas linhas que podem servir para algumas reflexões dos militantes cariocas e fluminenses: “Não se pode imaginar uma derrota mais assinalável do que a sofrida pelo partido – ou antes: partidos – revolucionário continental em todos os pontos da linha de batalha. Mas, e daí? A luta das classes médias britânicas pela sua supremacia social e política não abarcou 48 anos e a das classes médias francesas 40 anos de lutas sem exemplo? E esteve alguma vez o seu triunfo mais próximo do que no preciso momento em que a monarquia restaurada se julgou mais firmemente estabelecida do que nunca?”.

É possível que muitos concordem que estamos diante de um bloco social dominante que goza de uma sólida supremacia no Rio de Janeiro. No plano econômico, o estado é atualmente uma das principais fronteiras da acumulação capitalista nacional, recebendo investimentos na casa da centena de bilhões de dólares nos setores de energia, infraestrutura, turismo/entretenimento, metal-mecânico e siderúrgico, dentre outros. A Cidade Maravilhosa foi escolhida como palco de megaeventos de entretenimento e de esportes, gerando um dinamismo para setores da burguesia local e internacional. Não é à toa que um dos principais empresários da lista dos mais ricos da revista Forbes, Eike Batista, seja um residente da cidade.